domingo, 9 de junho de 2013

 

DERMEVAL SAVIANI


Em sua obra “Escola e Democracia” (1196), o autor trata os método de ensinamentos da educação e de seus problemas, elucidando que a marginalização da criança pela escola se dá porque a mesma não tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a classe da criança abandonada.  Saviani pondera esses processos, explicando que ambos são prejudiciais ao desenvolvimento da sociedade, trazendo inúmeras dificuldades, muitas vezes de difícil solução. Além disso, o autor retrata que o professor deve trabalhar com o cotidiano do aluno, ou seja, a realidade do aluno.
PEDAGOGIA NOVA E PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA

Tal concepção é centrada na vida, existência, na atividade, por oposição à concepção tradicional que se centra no intelecto, na essência, no conhecimento. A concepção humanista moderna se manifesta na educação predominantemente sob a forma do movimento escolanovista cuja inspiração filosófica principal situa-se na corrente do pragmatismo. Hoje alguns educadores buscam rever suas posições pedagógicas à luz da fenomenologia e do existencialismo.
Dermeval Saviani veio através de três teses polêmicas contestar algumas crenças que tomam conta da cabeça dos educadores, revertendo a tendência dominante.
Primeira tese (filosófico-histórica)
Do caráter revolucionário da pedagogia da essência (pedagogia tradicional) e do caráter reacionário da pedagogia da existência (pedagogia nova). Essas tendências entendiam a escola como redentora da humanidade acreditava que era possível modificar a sociedade através da educação, nesse sentido se pode afirmar que ambas são ingênuas e idealistas, a educação é convertida em elemento determinante, reduzindo o elemento determinante à condição de determinado. A relação entre educação e estrutura social é, portanto, representada de modo invertido.


Segunda tese (pedagogia-metodológica)
Do caráter científico do método tradicional e do caráter pseudocientífico dos 

métodos novos. Esse método tradicional se cristalizou na prática pedagógica tornando-se mecânico, repetitivo, desvinculado da razão e finalidades que o justificam, aplicando o mesmo raciocínio à situação educacional cabe observar que as críticas da Escola Nova atingiram o método tradicional não em si mesmo mas em sua aplicação mecânica cristalizada na rotina do funcionamento das escolas, por isso uma teoria, método ou proposta devem ser avaliados não em si mesmos, mas nas conseqüências que produziram historicamente.

Terceira tese (especificamente política)
Do caráter político de uma democracia no interior da escola. A despeito de considerar a pedagogia tradicional como autoritário, democrático, e que estimular a livre iniciativa dos alunos, reforçou as desigualdades tendo, portanto, um efeito socialmente antidemocrático. Simplesmente importa assegura-se que o critério para a instauração de relações democráticas não é interno, mas tem suas raízes além das praticas pedagógicas propriamente dita.
Se a educação é mediação, isso que dizer que ela não se justifica por se mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam para muito além dela e que persiste mesmo após interrupção da ação pedagógica, que resulta na inevitável conclusão: que o critério para se comparar o grau de democratização atingido das escolas devem ser buscado nas práticas sociais. É sensato supor que não se ensina democracia através de práticas pedagógicas antidemocráticas, nem por isso de deve deduzir que a democratização das relações internas à escola é condição suficiente de democratização da sociedade. O processo educativo é uma passagem da desigualdade à igualdade, portanto isso só se é possível se consideramos o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição de se distinguir a democracia como realidade no ponto de chegada, conseqüentemente democracia é uma conquista; não um dado. Para concluir, não se trata de optar entre autoritárias ou democráticas no interior da sala de aula, mas de articular o trabalho desenvolvido nas escolas como processo de democratização da sociedade. E a prática pedagógica contribui de modo específico na medida em que se compreende como se coloca a questão da democracia propriamente dita no trabalho pedagógico. Dermeval Saviani contribuiu para que os professores revissem a própria ação pedagógica. Evidentemente a proposição pedagógica apresentada por ele aponta na direção de uma sociedade em que esteja superando a divisão dos saberes, sendo ela pensada para ser implementada nas condições da sociedade brasileira atual. Entendo, pois, que um melhor detalhamento dessa proposta onde ela se aplicaria ás diferentes modalidades de trabalho pedagógico cada professor na sua área específica (ou disciplina ensinada) tem uma contribuição a ser dada em vista da democratização da nossa sociedade brasileira.
 

Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem 
A ESCOLA
Em suas obras, Dermeval Saviani apresenta a escola como o local que deve servir aos interesses populares garantindo a todos um bom ensino e saberes básicos que se reflitam na vida dos alunos preparando-os para a vida adulta.   Em sua obra Escola e Democracia (1987), o autor trata das teorias da educação e seus problemas, explanando que a marginalização da criança pela escola se dá porque ela não tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a condição da criança excluída.  Saviani avalia esses processos, explicando que ambos são prejudiciais ao desenvolvimento da sociedade, trazendo inúmeros problemas, muitas vezes de difícil solução, e conclui que a harmonia e a integração entre os envolvidos na educação – esferas política, social e administração da escola podem evitar a marginalidade, intensificando os esforços educativos em prol da melhoria de vida no âmbito individual e coletivo.
     Através da interação do professor e da participação ativa do aluno a escola deve possibilitar a aquisição de conteúdos – trabalhar a realidade do aluno em sala de aula, para que ele tenha discernimento e poder de analisar sua realidade de uma maneira crítica -,  e a socialização do educando para que tenha uma participação organizada na democratização da sociedade, mas Saviani alerta para a responsabilidade do poder público, representante da política na localidade, que é a responsável pela criação e avaliação de projetos no âmbito das escolas do estado e município, uma vez que este é o responsável pelas políticas públicas para melhoria do ensino, visando a integração entre o aluno e a escola.   A escola é valorizada como instrumento de apropriação do saber e pode contribuir para eliminar a seletividade e exclusão social, e é este fator que deve ser levado em consideração, a fim de erradicar as gritantes disparidades de níveis escolares, evasão escolar e marginalização.
    De fato, a escola é o local que prepara a criança, futuro cidadão, para a vida, e deve transmitir valores éticos e morais aos estudantes, e para que cumpra com seu papel deve acolher os alunos com empenho para, verdadeiramente transformar suas vidas.
 
O ENSINO – CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS TEORIAS NÃO CRÍTICAS DA EDUCAÇÃO E TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS E A FUNÇÃO DO ENSINO
 
Ainda na obra Escola e Democracia, as teorias não críticas da educação aparecem para fomentar o pensamento do autor acerca da educação.
Em sua obra Escola e Democracia, Saviani busca contextualizar as correntes pedagógicas, iniciando pela pedagogia tradicional, que tem como objetivo organizar a escola e garantir a educação, que é um direito de todos e dever do estado, transformando os estudantes em cidadãos, que devem assimilar o acervo cultural transmitido pelo professor.  
    A pedagogia tradicional trata a educação como a correção da marginalidade, e tem como função equalizar a sociedade; outra teoria abordada é a teoria tecnicista, que consta de propostas pedagógicas com enfoque sistêmico, buscando profissionalizar o aluno.
     Já as teorias crítico-reprodutivistas não têm proposta pedagógica, e percebem a escola, a educação e os personagens envolvidos no contexto como reprodutores das desigualdades sociais e destaca o papel da escola enquanto aparelho ideológico do estado, dividindo a burguesia e o proletariado. É possível perceber que em sua pesquisa, Saviani busca fomentar suas afirmações a partir de diversas fontes, consolidando assim seu pensamento e buscando transmiti-lo aos educadores que tem acesso à sua obra da maneira mais clara possível.  A escola não resolve todos os problemas dos alunos, em contrapartida, pode compensá-los mostrando que eles são capazes de desenvolver seu intelecto e contribuir para a melhora da sua própria vida.
   O ensino na concepção de Saviani significa produzir o saber, fazer com que aqueles que fazem parte do processo consigam absorver os conteúdos e transformar o meio onde vivem em um local com igualdade de oportunidades.
A APRENDIZAGEM
 
Aprender é desenvolver a capacidade de processar informações e organizar dados resultantes de experiências ao passo que se recebe estímulos do ambiente. O grau de aprendizagem depende tanto da prontidão e disposição do aluno quanto do professor e do contexto da sala de aula. Como passo inicial o professor precisa verificar aquilo que o aluno já sabe por procurar escutar e observar. O aluno por sua vez procura compreender o que o professor tenta explicar. Quando ocorre a transferência de aprendizagem significa que o aluno conseguiu sintetizar as informações e passou a ter uma visão mais clara superando assim sua visão confusa e parcial. Dermeval Saviani acredita que a escola deve lutar contra a seletividade, a discriminação dos alunos, mas que o aluno também deve fazer sua parte, pois se somente se considerar uma peça sem qualquer importância no sistema conseguirá promover a mudança necessária para o bem de toda a sociedade e do próprio sistema. Saviani alerta que, muitas vezes, o fracasso escolar é reflexo de fatores externos, tais como saúde, nutrição, fatores psicológicos e cognitivos, bem como de ordem familiar, e esses elementos contribuem negativamente para a absorção dos conteúdos, mas há de se fazer chegar aos pupilos a mensagem da importância da educação para a sua vida, fazendo-os encará-la como agente transformador, em um âmbito maior, na comunidade onde vive. 
    Ao analisarmos a história da educação, percebemos que um dos fatores que contribuem para os baixos índices de aprendizagem é a evasão escolar, corrente desde os primórdios da educação no país, tornando mais difícil a construção da base educacional da nação, uma vez que grande parte da população não conta com um modelo de educação efetivo que sirva de modelo para futuras adaptações. É relevante ressaltar que o saber educacional, aquele que envolve a disciplina e o intelecto do aluno é importante, para que ele tenha base em uma sociedade que o pontua, seja nas provas da escola, do vestibular ou no alcance de metas em um futuro emprego, mas é preciso também durante o processo de aprendizagem, preparar esse aluno para saber se posicionar e analisar com maior profundidade e tenha uma capacidade de opinar, julgar, que deve ser trabalhada ainda na escola, preparando de fato, o cidadão para o futuro. Saviani conclui suas observações no livro Escola e Democracia (1987), que o ensino não é somente pesquisa, onde o professor tem a função de estudar determinado tema e transmitir aos seus alunos, mas sim um artifício que deve ser utilizado de maneira inteligente, propondo atividades que permitam a resolução de problemas através do questionamento deles, levantamento de hipóteses pertinentes e experimentação, fazendo com que o aluno assuma a responsabilidade de sua própria capacidade de pensar e de se posicionar perante os desafios da vida. Enquanto os interesses educacionais não beneficiarem o povo, que verdadeiramente necessita deles para melhorar sua situação perante a sociedade, a educação brasileira não avançará, em termos de melhora qualitativa, pois as políticas públicas para a educação nacional não visam outro alvo senão interesses políticos, que buscam evitar qualquer reformulação que possam fazer o povo prosperar, e prejudicar o poder.
 
Onze Teses sobre Educação e Política
Corre-se o risco de se identificar educação com política, a prática pedagógica com a prática política, dissolvendo-se em conseqüência, a especificidade do fenômeno educativo.Mas, ambas é especialidade própria, embora inseparáveis não sejam idênticas. E pressuposto de toda e qualquer relação educativa que o educador está a serviço dos interesses do educando.
Em educação o objetivo é convencer e não vencer. O educador, seja na família, na escola ou em qualquer outro lugar ou circunstância, acredita sempre estar agindo para o bem dos educandos.
Os educandos por sua vez, também não vêem o educador com adversário. A dimensão política da educação consiste em que, dirigindo-se aos não antagônicos a educação os fortalece, por referência aos antagônicos e desse modo potencializa a sua prática política
As reflexões expostas podem ser ordenadas e sintetizadas através seguintes:
Tese 01: Não existe identidade entre educação e política.
Tese 02: Toda prática educativa contém inevitavelmente uma dimensão política.
Tese 03: Toda prática política contém, por sua vez, inevitavelmente uma dimensão educativa.
Tese 04: A explicitação da dimensão política da prática educativa está condicionada á explicação da especificidade da prática educativa.
Tese 05: A explicitação da dimensão educativa da prática política está, por sua vez, condicionada á explicitação da especificidade da prática política.
Tese 06: A especificidade da prática educativa se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários não antagônicos.
Tese 07: A especificidade da prática política se define pelo caráter de uma relação e contrários que se trava entre contrários antagônicos.
Tese 08: As relações educação e política se dão na forma de autonomia relativa e dependência recíproca.
Tese 09: As sociedades de caracterizam pelo primado da política, o que determina a subordinação real da educação á prática política.
Tese 10: Superada a sociedade de classe, cessa o primado da política e, em conseqüência, a subordinação da educação.
BIOGRAFIA
Nascido em 25 de dezembro de 1943 em Santo Antônio de Posse, Saviani formou-se em Filosofia pela PUC-SP em 1966 e doutorando-se em filosofia da educação na mesma instituição. Lecionou também na Universidade Federal de São Carlos e desde 1980 na Unicamp, da qual se tornou professor emérito.
Atualmente é educador da mesma universidade na qual se formou, além de desenvolver, desde sua formação até os dias atuais, diversos projetos e pesquisa na área educativa, especialmente defendendo a análise crítica dos conteúdos agregada ao ensino das disciplinas comuns da escola.  Portanto, ele foi o fomentador da teoria histórico-crítica que também é conhecida como crítico-social dos conteúdos e tem como objetivo principal relação e transmissão de conhecimentos significativos que contribuam para a inclusão social do educando. Entretanto Saviani proporciona sua obra de maneira realista, apartando os erros de um sistema de educação que desde os primeiros passos letivos foi corrompido e repleto de falhas, realizando um paralelo entre a política e a educação.
Suas principais obras
  • Escola e Democracia, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1986
  • Educação - Do Senso Comum a Consciência Filosófica, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1980.
  • Ensino Público e Algumas Falas sobre Universidade, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1985.
  • Sobre a Concepção de Politécnica Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1989
  • A Pós-Graduação em Educação no Brasil, Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002.
  • A Questão Pedagógica na Formação de Professores, Florianópolis: Endipe, 1996. 
  • A Nova Lei da Educação-Trajetória, Limites e Perpectivas, Campinas: Autores Associados, 1999.
  • Pedagogia Histórico-Crítica, primeira aproximações, Campinas: Autores Associados, 2000.
  • Política e Educação no Brasil-O Papel do Congresso Nacional na Legislação do Ensino, São Paulo, Cortez, 1987.
  • Da Nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação - Por Uma Outra Política Educacional, Campinas, Autores Associados, 1998.
 
Referências
·         Disponível em: http:<//letrasunifacsead.blogspot.com.br/p/dermeval-saviani-biografia.html> acesso 29 abril 2013
·         A educação que faz a diferencia Disponível em        <http://www.contee.org.br/secretarias/educacionais/materia_116.ht> acesso em 26/05/13 - Saviani, Dermeval.  A Escola e Democracia. São Paulo Editora autores associados. 1996



 
 





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