DERMEVAL SAVIANI
Em sua obra “Escola e Democracia”
(1196), o autor trata os método de ensinamentos da educação e de seus problemas,
elucidando que a marginalização da criança pela escola se dá porque a mesma não
tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a classe da criança
abandonada. Saviani pondera esses
processos, explicando que ambos são prejudiciais ao desenvolvimento da
sociedade, trazendo inúmeras dificuldades, muitas vezes de difícil solução.
Além disso, o autor retrata que o professor deve trabalhar com o
cotidiano do aluno, ou seja, a realidade do aluno.
PEDAGOGIA NOVA E PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA
Tal concepção é centrada na vida, existência, na atividade, por oposição à concepção tradicional que se centra no intelecto, na essência, no conhecimento. A concepção humanista moderna se manifesta na educação predominantemente sob a forma do movimento escolanovista cuja inspiração filosófica principal situa-se na corrente do pragmatismo. Hoje alguns educadores buscam rever suas posições pedagógicas à luz da fenomenologia e do existencialismo.
Dermeval Saviani veio através de três teses polêmicas contestar algumas crenças que tomam conta da cabeça dos educadores, revertendo a tendência dominante.
Primeira tese (filosófico-histórica)
Do caráter revolucionário da pedagogia da essência (pedagogia tradicional) e do caráter reacionário da pedagogia da existência (pedagogia nova). Essas tendências entendiam a escola como redentora da humanidade acreditava que era possível modificar a sociedade através da educação, nesse sentido se pode afirmar que ambas são ingênuas e idealistas, a educação é convertida em elemento determinante, reduzindo o elemento determinante à condição de determinado. A relação entre educação e estrutura social é, portanto, representada de modo invertido.
Segunda tese (pedagogia-metodológica)
Do caráter científico do método tradicional e do caráter pseudocientífico dos
métodos novos. Esse método tradicional se cristalizou
na prática pedagógica tornando-se mecânico, repetitivo, desvinculado da razão e
finalidades que o justificam, aplicando o mesmo raciocínio à situação
educacional cabe observar que as críticas da Escola Nova atingiram o método
tradicional não em si mesmo mas em sua aplicação mecânica cristalizada na
rotina do funcionamento das escolas, por isso uma teoria, método ou proposta
devem ser avaliados não em si mesmos, mas nas conseqüências que produziram
historicamente.
Terceira tese (especificamente política)
Do caráter político de uma democracia no interior da escola. A despeito de considerar a pedagogia tradicional como autoritário, democrático, e que estimular a livre iniciativa dos alunos, reforçou as desigualdades tendo, portanto, um efeito socialmente antidemocrático. Simplesmente importa assegura-se que o critério para a instauração de relações democráticas não é interno, mas tem suas raízes além das praticas pedagógicas propriamente dita.
Terceira tese (especificamente política)
Do caráter político de uma democracia no interior da escola. A despeito de considerar a pedagogia tradicional como autoritário, democrático, e que estimular a livre iniciativa dos alunos, reforçou as desigualdades tendo, portanto, um efeito socialmente antidemocrático. Simplesmente importa assegura-se que o critério para a instauração de relações democráticas não é interno, mas tem suas raízes além das praticas pedagógicas propriamente dita.
Se a educação é mediação, isso que dizer que ela não
se justifica por se mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam
para muito além dela e que persiste mesmo após interrupção da ação pedagógica,
que resulta na inevitável conclusão: que o critério para se comparar o grau de
democratização atingido das escolas devem ser buscado nas práticas sociais. É
sensato supor que não se ensina democracia através de práticas pedagógicas
antidemocráticas, nem por isso de deve deduzir que a democratização das
relações internas à escola é condição suficiente de democratização da
sociedade. O processo educativo é uma passagem da desigualdade à igualdade,
portanto isso só se é possível se consideramos o processo educativo em seu
conjunto como democrático sob a condição de se distinguir a democracia como
realidade no ponto de chegada, conseqüentemente democracia é uma conquista; não
um dado. Para concluir, não se trata de optar entre autoritárias ou
democráticas no interior da sala de aula, mas de articular o trabalho
desenvolvido nas escolas como processo de democratização da sociedade. E a
prática pedagógica contribui de modo específico na medida em que se compreende
como se coloca a questão da democracia propriamente dita no trabalho pedagógico.
Dermeval Saviani contribuiu para que os professores revissem a própria ação
pedagógica. Evidentemente a proposição pedagógica apresentada por ele aponta na
direção de uma sociedade em que esteja superando a divisão dos saberes, sendo
ela pensada para ser implementada nas condições da sociedade brasileira atual.
Entendo, pois, que um melhor detalhamento dessa proposta onde ela se aplicaria
ás diferentes modalidades de trabalho pedagógico cada professor na sua área
específica (ou disciplina ensinada) tem uma contribuição a ser dada em vista da
democratização da nossa sociedade brasileira.
Concepções de Escola, Ensino e
Aprendizagem
A ESCOLA
Em suas obras,
Dermeval Saviani apresenta a escola como o local que deve servir aos interesses
populares garantindo a todos um bom ensino e saberes básicos que se reflitam na
vida dos alunos preparando-os para a vida adulta. Em sua obra
Escola e Democracia (1987), o autor trata das teorias da educação e seus
problemas, explanando que a marginalização da criança pela escola se dá porque
ela não tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a condição da criança
excluída. Saviani avalia esses processos, explicando que ambos são
prejudiciais ao desenvolvimento da sociedade, trazendo inúmeros problemas,
muitas vezes de difícil solução, e conclui que a harmonia e a integração entre
os envolvidos na educação – esferas política, social e administração da escola
podem evitar a marginalidade, intensificando os esforços educativos em prol da
melhoria de vida no âmbito individual e coletivo.
Através
da interação do professor e da participação ativa do aluno a escola deve
possibilitar a aquisição de conteúdos – trabalhar a realidade do aluno em sala
de aula, para que ele tenha discernimento e poder de analisar sua realidade de
uma maneira crítica -, e a socialização do educando para que tenha
uma participação organizada na democratização da sociedade, mas Saviani alerta
para a responsabilidade do poder público, representante da política na
localidade, que é a responsável pela criação e avaliação de projetos no âmbito
das escolas do estado e município, uma vez que este é o responsável pelas
políticas públicas para melhoria do ensino, visando a integração entre o aluno
e a escola. A escola é valorizada como instrumento de
apropriação do saber e pode contribuir para eliminar a seletividade e exclusão
social, e é este fator que deve ser levado em consideração, a fim de erradicar
as gritantes disparidades de níveis escolares, evasão escolar e marginalização.
De fato, a escola é o local que prepara a
criança, futuro cidadão, para a vida, e deve transmitir valores éticos e morais
aos estudantes, e para que cumpra com seu papel deve acolher os alunos com
empenho para, verdadeiramente transformar suas vidas.
O ENSINO – CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS TEORIAS NÃO
CRÍTICAS DA EDUCAÇÃO E TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS E A FUNÇÃO DO ENSINO
Ainda na obra Escola e Democracia, as
teorias não críticas da educação aparecem para fomentar o pensamento do autor
acerca da educação.
Em sua obra Escola e Democracia,
Saviani busca contextualizar as correntes pedagógicas, iniciando pela pedagogia
tradicional, que tem como objetivo organizar a escola e garantir a educação,
que é um direito de todos e dever do estado, transformando os estudantes em
cidadãos, que devem assimilar o acervo cultural transmitido pelo professor.
A pedagogia
tradicional trata a educação como a correção da marginalidade, e tem como
função equalizar a sociedade; outra teoria abordada é a teoria tecnicista, que
consta de propostas pedagógicas com enfoque sistêmico, buscando
profissionalizar o aluno.
Já as teorias crítico-reprodutivistas não têm
proposta pedagógica, e percebem a escola, a educação e os personagens
envolvidos no contexto como reprodutores das desigualdades sociais e destaca o
papel da escola enquanto aparelho ideológico do estado, dividindo a burguesia e
o proletariado. É possível perceber que em sua pesquisa, Saviani
busca fomentar suas afirmações a partir de diversas fontes, consolidando assim
seu pensamento e buscando transmiti-lo aos educadores que tem acesso à sua obra
da maneira mais clara possível. A escola não resolve todos os
problemas dos alunos, em contrapartida, pode compensá-los mostrando que eles
são capazes de desenvolver seu intelecto e contribuir para a melhora da sua
própria vida.
O ensino na concepção de Saviani significa produzir o saber,
fazer com que aqueles que fazem parte do processo consigam absorver os
conteúdos e transformar o meio onde vivem em um local com igualdade de
oportunidades.
A APRENDIZAGEM
Aprender é desenvolver a capacidade de processar informações e organizar
dados resultantes de experiências ao passo que se recebe estímulos do ambiente.
O grau de aprendizagem depende tanto da prontidão e disposição do aluno quanto
do professor e do contexto da sala de aula. Como passo inicial o professor
precisa verificar aquilo que o aluno já sabe por procurar escutar e observar. O
aluno por sua vez procura compreender o que o professor tenta explicar. Quando
ocorre a transferência de aprendizagem significa que o aluno conseguiu
sintetizar as informações e passou a ter uma visão mais clara superando assim
sua visão confusa e parcial. Dermeval Saviani acredita que a escola deve lutar
contra a seletividade, a discriminação dos alunos, mas que o aluno também deve
fazer sua parte, pois se somente se considerar uma peça sem qualquer importância
no sistema conseguirá promover a mudança necessária para o bem de toda a
sociedade e do próprio sistema. Saviani alerta que, muitas vezes, o fracasso
escolar é reflexo de fatores externos, tais como saúde, nutrição, fatores
psicológicos e cognitivos, bem como de ordem familiar, e esses elementos
contribuem negativamente para a absorção dos conteúdos, mas há de se fazer
chegar aos pupilos a mensagem da importância da educação para a sua vida,
fazendo-os encará-la como agente transformador, em um âmbito maior, na
comunidade onde vive.
Ao analisarmos a história da educação,
percebemos que um dos fatores que contribuem para os baixos índices de
aprendizagem é a evasão escolar, corrente desde os primórdios da educação no
país, tornando mais difícil a construção da base educacional da nação, uma vez
que grande parte da população não conta com um modelo de educação efetivo que
sirva de modelo para futuras adaptações. É relevante ressaltar que o saber
educacional, aquele que envolve a disciplina e o intelecto do aluno é
importante, para que ele tenha base em uma sociedade que o pontua, seja nas
provas da escola, do vestibular ou no alcance de metas em um futuro emprego,
mas é preciso também durante o processo de aprendizagem, preparar esse aluno
para saber se posicionar e analisar com maior profundidade e tenha uma
capacidade de opinar, julgar, que deve ser trabalhada ainda na escola,
preparando de fato, o cidadão para o futuro. Saviani conclui suas
observações no livro Escola e Democracia (1987), que o ensino não é somente
pesquisa, onde o professor tem a função de estudar determinado tema e
transmitir aos seus alunos, mas sim um artifício que deve ser utilizado de
maneira inteligente, propondo atividades que permitam a resolução de problemas
através do questionamento deles, levantamento de hipóteses pertinentes e
experimentação, fazendo com que o aluno assuma a responsabilidade de sua
própria capacidade de pensar e de se posicionar perante os desafios da vida. Enquanto
os interesses educacionais não beneficiarem o povo, que verdadeiramente
necessita deles para melhorar sua situação perante a sociedade, a educação
brasileira não avançará, em termos de melhora qualitativa, pois as políticas
públicas para a educação nacional não visam outro alvo senão interesses
políticos, que buscam evitar qualquer reformulação que possam fazer o povo
prosperar, e prejudicar o poder.
Onze
Teses sobre Educação e Política
Corre-se o risco de se identificar educação com política,
a prática pedagógica com a prática política, dissolvendo-se em conseqüência, a
especificidade do fenômeno educativo.Mas, ambas é especialidade própria, embora inseparáveis
não sejam idênticas. E pressuposto de toda e qualquer relação educativa que o
educador está a serviço dos interesses do educando.
Em educação o objetivo é convencer e não vencer. O educador, seja na família, na escola ou em qualquer outro lugar ou circunstância, acredita sempre estar agindo para o bem dos educandos.
Em educação o objetivo é convencer e não vencer. O educador, seja na família, na escola ou em qualquer outro lugar ou circunstância, acredita sempre estar agindo para o bem dos educandos.
Os educandos por sua vez, também não vêem o educador com
adversário. A dimensão política da educação consiste em que, dirigindo-se aos não
antagônicos a educação os fortalece, por referência aos antagônicos e desse
modo potencializa a sua prática política
As reflexões expostas podem ser ordenadas e sintetizadas
através seguintes:
Tese 01: Não existe identidade entre educação e política.
Tese 02: Toda prática educativa contém inevitavelmente
uma dimensão política.
Tese 03: Toda prática política contém, por sua vez,
inevitavelmente uma dimensão educativa.
Tese 04: A explicitação da dimensão política da prática
educativa está condicionada á explicação da especificidade da prática
educativa.
Tese 05: A explicitação da dimensão educativa da prática
política está, por sua vez, condicionada á explicitação da especificidade da
prática política.
Tese 06: A especificidade da prática educativa se define
pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários não antagônicos.
Tese 07: A especificidade da prática política se define
pelo caráter de uma relação e contrários que se trava entre contrários
antagônicos.
Tese 08: As relações educação e política se dão na forma
de autonomia relativa e dependência recíproca.
Tese 09: As sociedades de caracterizam pelo primado da
política, o que determina a subordinação real da educação á prática política.
Tese 10: Superada a sociedade de classe, cessa o primado
da política e, em conseqüência, a subordinação da educação.
BIOGRAFIA
Nascido em 25 de dezembro de 1943 em Santo
Antônio de Posse, Saviani formou-se em Filosofia pela PUC-SP em 1966 e
doutorando-se em filosofia da educação na mesma instituição. Lecionou também na
Universidade Federal de São Carlos e desde 1980 na Unicamp, da qual se
tornou professor emérito.
Atualmente
é educador da mesma universidade na qual se formou, além de desenvolver, desde
sua formação até os dias atuais, diversos projetos e pesquisa na área
educativa, especialmente defendendo a análise crítica dos conteúdos agregada ao
ensino das disciplinas comuns da escola.
Portanto, ele foi o fomentador da teoria
histórico-crítica que também é conhecida como crítico-social dos conteúdos e
tem como objetivo principal relação e transmissão de conhecimentos
significativos que contribuam para a inclusão social do educando. Entretanto
Saviani proporciona sua obra de maneira realista, apartando os erros de um
sistema de educação que desde os primeiros passos letivos foi corrompido e
repleto de falhas, realizando um paralelo entre a política e a educação.
Suas principais obras
- Escola e Democracia, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1986
- Educação - Do Senso Comum a Consciência Filosófica, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1980.
- Ensino Público e Algumas Falas sobre Universidade, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1985.
- Sobre a Concepção de Politécnica Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1989
- A Pós-Graduação em Educação no Brasil, Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002.
- A
Questão Pedagógica na Formação de Professores, Florianópolis: Endipe, 1996.
- A Nova Lei da Educação-Trajetória, Limites e Perpectivas, Campinas: Autores Associados, 1999.
- Pedagogia Histórico-Crítica, primeira aproximações, Campinas: Autores Associados, 2000.
- Política e Educação no Brasil-O Papel do Congresso Nacional na Legislação do Ensino, São Paulo, Cortez, 1987.
- Da Nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação - Por Uma Outra Política Educacional, Campinas, Autores Associados, 1998.
Referências
·
Disponível em: http:<//letrasunifacsead.blogspot.com.br/p/dermeval-saviani-biografia.html>
acesso 29 abril 2013
·
A educação que faz a diferencia Disponível em <http://www.contee.org.br/secretarias/educacionais/materia_116.ht>
acesso em 26/05/13 - Saviani, Dermeval. A Escola e Democracia. São Paulo Editora
autores associados. 1996
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