Paulo
Freire - concepções da escola, ensino e aprendizagem
A
realidade da escola pública brasileira, no início do século XX era uma escola
elitizada. Ela só era acessível a uma restrita camada da sociedade; aos ricos,
os que exerciam influência, aos dominantes.
Essa situação começa a se transformar a partir da década de 60 e Paulo
Freire se destaca com seus pensamentos e ideologias políticas e suas ações que
ocasionaram grandes mudanças no fazer pedagógico.
“Não
se permite a dúvida em torno do direito, de um lado, que os meninos e as meninas
do povo têm de saber a mesma matemática, a mesma física, a mesma biologia que
os meninos e as meninas das “zonas felizes” da cidade aprendem mas, de outro,
jamais aceita que o ensino de não importa qual conteúdo possa dar-se alheado da
análise crítica de como funciona a sociedade. ((FREIRE,
1996, p. 44)
Quebrar
paradigmas, desmistificar concepções retrógradas, perceber e compreender as
diferenças culturais e sociais; a escola como ambiente que inclui e valoriza
educador e educandos são algumas concepções apontadas pelo autor.
Atualmente, presenciamos uma grande revolução em torno das discussões das identidades
culturais, onde os sujeitos devem valorizar as suas origens e como conseqüência
a importância que esse reconhecimento traz para formação do indivíduo;
facilitando o processo de autoconhecimento, bem como, a sua inclusão na
sociedade. O autor afirma o dever que o educador tem de disseminar essa
discussão e valorização desses pluriculturalismo existente principalmente aqui
no Brasil.
Quando
nos conhecemos, compreendemos mais claramente a nossa realidade, no nosso meio
social e somos capazes de inferir, criticar, analisar, questionar e
transformar; não permitindo a manutenção das desigualdades.
Os
textos discutidos no livro Pedagogia da Autonomia revela a importância da equidade entre docentes e
discentes. Revela a necessidade de fazer o processo de ensino-aprendizagem, um
caminho real de crescimento; “de arregaçar as mangas”, de denunciar o
comodismo, de criação de alternativas, de superação. Evidenciando o processo de
construção e reconstrução continua do saber e da criticidade. “O respeito à autonomia e à dignidade de
cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns
aos outros." (FREIRE, 1996, p. 59)
Freire
afirma, que ensinar não é transferir conhecimento, sendo este produzido e
construído ao longo do processo das relações interpessoais onde duas ou mais
pessoas promovem a troca de informações considerando suas crenças,
experiências, emoções, afim de, valorizar a cultura e constituir uma sociedade
mais igualitária em seus direitos ainda que observemos em pleno século XXI, a
educação sendo mero instrumento de reprodução.
Desta maneira, o educador já
não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com
o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos
do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não
valem. Em que, para ser-se, funcionalmente autoridade, se necessita de estar
sendo com as liberdades e não contra eles.” (FREIRE, 1996, p.47)
Em
seu manifesto faz importantes considerações a cerca da educação bancária, esta
sendo definida por ele como falso ensinar, onde os alunos recebem apenas
informações e muito longe de problematizarem as vicissitudes existentes na
sociedade. Na educação bancária, o conteúdo era o objeto mais importante na
temática educacional. Freire afirma que o conteúdo tem a sua importância, porém
podemos ir mais além. O conhecimento deve ser construído, reinventado.
“Quando
entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à
curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e
inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho - saber que ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
educação ou a sua construção." ( FREIRE, 1996, p.47)
Percebemos a importância do educador
reflexivo, aquele que medita sobre sua prática, que observa o seu discurso e
sai do comodismo para o criticismo; aceitando ou recusando certas informações,
com o fim único em proporcionar a construção do conhecimento. O professor
precisa está pronto para este processo e nada melhor que a pesquisa contínua,
além de aprimorar seus conhecimentos, poderão estimular seus alunos à pesquisa,
a curiosidade, ao despertar. Serão sempre seres inacabados, em construção. E a
pesquisa será o principal meio para conhecer e buscar novidades, nesta busca
constante. "Não há ensino
sem pesquisa e pesquisa sem ensino" ( FREIRE, 1996, p.29).
Os conteúdos elencados na disciplina
Didática, falam sobre estreitar a relação sobre ética e docência, porque o
processo de ensino e aprendizagem é caracterizado por relações e ações que
demandam na concretização da ética. É
dever ético do educador, contribuir para que os alunos se reconheçam como ser
social; promover experiências alternativas de formação humana, de respeito
mútuo e autonomia. Essas práticas educacionais devem desenvolver condutas,
habilidades e destrezas. suscitando solidariedade, cidadania, construção de
identidades e respeito ao outro.
Freire (1999) ressalta que:
Freire (1999) ressalta que:
"Ensinar exige
respeito aos saberes dos educandos, criticidade, pesquisa, estética e ética,
risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer discriminação, reflexão sobre a
prática, reconhecimento e ascensão à identidade cultural, segurança,
competência profissional, generosidade, comprometimento, autoridade, tomada
consciente de decisão, disponibilidade para o diálogo, curiosidade, alegria,
esperança, convicção que a mudança é possível e, entre outras coisas, querer
bem aos alunos. " (FREIRE, 1999, p 37)
A aprendizagem através desta obra, nos traz uma constante reflexão sobre a prática docente e a educativa, no sentido mais abrangente , que suscita em nós o comprometimento e amor pela Educação.
(Equipe Harém)
(Equipe Harém)
Fonte
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários à prática educativa. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996 ( Coleção
leitura ).
SILVA, Daiane Léia Alencar da. Didática. Módulo
Unifacs. Salvador, 2013.
SANTANA, Noemi Pereira de. Sociedade, Cultura e Educação. Módulo Unifacs. Salvador, 2012.
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