segunda-feira, 10 de junho de 2013

Paulo Freire - concepções da escola, ensino e aprendizagem



A realidade da escola pública brasileira, no início do século XX era uma escola elitizada. Ela só era acessível a uma restrita camada da sociedade; aos ricos, os que exerciam influência, aos dominantes.  Essa situação começa a se transformar a partir da década de 60 e Paulo Freire se destaca com seus pensamentos e ideologias políticas e suas ações que ocasionaram grandes mudanças no fazer pedagógico.

“Não se permite a dúvida em torno do direito, de um lado, que os meninos e as meninas do povo têm de saber a mesma matemática, a mesma física, a mesma biologia que os meninos e as meninas das “zonas felizes” da cidade aprendem mas, de outro, jamais aceita que o ensino de não importa qual conteúdo possa dar-se alheado da análise crítica de como funciona a sociedade. ((FREIRE, 1996, p. 44)

Quebrar paradigmas, desmistificar concepções retrógradas, perceber e compreender as diferenças culturais e sociais; a escola como ambiente que inclui e valoriza educador e educandos são algumas concepções apontadas pelo autor.

Atualmente, presenciamos uma grande revolução em torno das discussões das identidades culturais, onde os sujeitos devem valorizar as suas origens e como conseqüência a importância que esse reconhecimento traz para formação do indivíduo; facilitando o processo de autoconhecimento, bem como, a sua inclusão na sociedade. O autor afirma o dever que o educador tem de disseminar essa discussão e valorização desses pluriculturalismo existente principalmente aqui no Brasil.


Quando nos conhecemos, compreendemos mais claramente a nossa realidade, no nosso meio social e somos capazes de inferir, criticar, analisar, questionar e transformar; não permitindo a manutenção das desigualdades.

Os textos discutidos no livro Pedagogia da Autonomia revela  a importância da equidade entre docentes e discentes. Revela a necessidade de fazer o processo de ensino-aprendizagem, um caminho real de crescimento; “de arregaçar as mangas”, de denunciar o comodismo, de criação de alternativas, de superação. Evidenciando o processo de construção e reconstrução continua do saber e da criticidade. “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros." (FREIRE, 1996, p. 59)

Freire afirma, que ensinar não é transferir conhecimento, sendo este produzido e construído ao longo do processo das relações interpessoais onde duas ou mais pessoas promovem a troca de informações considerando suas crenças, experiências, emoções, afim de, valorizar a cultura e constituir uma sociedade mais igualitária em seus direitos ainda que observemos em pleno século XXI, a educação sendo mero instrumento de reprodução.

Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra eles.” (FREIRE, 1996, p.47)

Em seu manifesto faz importantes considerações a cerca da educação bancária, esta sendo definida por ele como falso ensinar, onde os alunos recebem apenas informações e muito longe de problematizarem as vicissitudes existentes na sociedade. Na educação bancária, o conteúdo era o objeto mais importante na temática educacional. Freire afirma que o conteúdo tem a sua importância, porém podemos ir mais além. O conhecimento deve ser construído, reinventado.
“Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho - saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria educação ou a sua construção." ( FREIRE, 1996, p.47)

Percebemos a importância do educador reflexivo, aquele que medita sobre sua prática, que observa o seu discurso e sai do comodismo para o criticismo; aceitando ou recusando certas informações, com o fim único em proporcionar a construção do conhecimento. O professor precisa está pronto para este processo e nada melhor que a pesquisa contínua, além de aprimorar seus conhecimentos, poderão estimular seus alunos à pesquisa, a curiosidade, ao despertar. Serão sempre seres inacabados, em construção. E a pesquisa será o principal meio para conhecer e buscar novidades, nesta busca constante. "Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino" ( FREIRE, 1996, p.29).



Os conteúdos elencados na disciplina Didática, falam sobre estreitar a relação sobre ética e docência, porque o processo de ensino e aprendizagem é caracterizado por relações e ações que demandam na concretização da ética.  É dever ético do educador, contribuir para que os alunos se reconheçam como ser social; promover experiências alternativas de formação humana, de respeito mútuo e autonomia. Essas práticas educacionais devem desenvolver condutas, habilidades e destrezas. suscitando  solidariedade, cidadania, construção de identidades e respeito ao outro.
Freire (1999) ressalta que:

"Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, criticidade, pesquisa, estética e ética, risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer discriminação, reflexão sobre a prática, reconhecimento e ascensão à identidade cultural, segurança, competência profissional, generosidade, comprometimento, autoridade, tomada consciente de decisão, disponibilidade para o diálogo, curiosidade, alegria, esperança, convicção que a mudança é possível e, entre outras coisas, querer bem aos alunos. " (FREIRE, 1999, p 37)




A aprendizagem através desta obra, nos traz uma constante reflexão sobre a prática docente e a educativa, no sentido mais abrangente , que suscita em nós o comprometimento e amor pela Educação.
                                                                               (Equipe Harém)








Fonte


Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996 ( Coleção leitura ).

   SILVA, Daiane Léia Alencar da. Didática. Módulo Unifacs. Salvador, 2013.

   SANTANA,  Noemi Pereira de. Sociedade, Cultura e Educação. Módulo Unifacs. Salvador, 2012.




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