Introdução
Em estudos com o livro Educação e Compromisso de Moacir
Gadotti, realizamos analises e reflexões de cada capítulo, que serão
apresentados nas linhas que seguem.
Em relação as linhas gerais o autor percorre nos fatos
históricos acontecidos da educação brasileira e sobre o compromisso que o
Brasil tem quando se refere a educação.
Relata também sobre o compromisso dos educadores com a
educação e profissão que escolheu e retrata de uma escola democrática e de uma
educação dialógica.
A edição do livro é de 1995 e ao mesmo tampo bastante
atual para as questões que se pensa, discute e reflete sobre a educação
brasileira.
1ª Parte: Educação e consciência de
classe
A
consciência filosófica pouco ou nada tem a ver com a consciência de classe. Há
mais de um século, Marx deixou claramente expressa essa separação, quando
afirmou na sua XI Tese sobre Feuerbach que “os filósofos se limitaram a
interpretar o mundo de diferentes maneiras e o que importa é transformá-lo”.
Tanto no senso comum como na filosofia, embora
ambos traduzam diferentes estágios de elaboração da consciência, há um caráter
comum, não frequentemente identificado pelos nossos filósofos da educação, que
consiste em não oferecer qualquer garantia de que superarão a alienação.
A
consciência de classe, só pode ser entendida no contexto da própria luta de
classe. Para a classe trabalhadora não basta entender o que é consciência de
classe, pois o objetivo é a conquista do socialismo e o domínio do trabalho
sobre o capital, isto é, a transformação revolucionária do sistema social,
porém essa transformação não se dará espontaneamente, a classe trabalhadora e
as camadas oprimidas da população necessitam adquirir um grau cada vez mais
elaborado de consciência da opressão da classe dominante. A consciência de
classe nada tem a ver com a ética e a moral. O que é ético e moral para uma
classe não o será necessariamente para outra: tudo o que é moral para os
interesses da burguesia é imoral para a classe trabalhadora e vice-versa. Como
diz Paulo Freire, “a humanização dos homens, que é a sua libertação permanente,
não se opera no interior da sua consciência, mas na história que eles devem
fazer e refazer constantemente”.
A
educação poderá dar uma grande contribuição à classe trabalhadora, fugindo dos
esquemas simplistas preparados pela pequena-burguesia escolar, que se entretém
em oferecer à classe trabalhadora uma escola com “formação técnico-científica”
superficial.
Em
suma, a superação de uma fase histórica da educação não se dá por força das
ideias, mas estas é que se modificam, em função das práticas sociais dos
educadores e do movimento social e político.
Apesar
da proclamada universalidade, existem escolas para a burguesia e escolas para a
classe trabalhadora. Com toda a democratização da educação tão apregoada hoje,
não conseguimos eliminar a divisão classista das escolas, nem mesmo na rede de
escolas públicas aparentemente tão “iguais”. O trabalhador melhor qualificado
poderá ter melhor salário ou maior poder de barganha na disputa pelo mercado de
emprego: Os professores estão melhor organizados, existem melhores condições de
trabalho e, consequentemente melhor qualidade de ensino.
Na
teoria marxista, a educação é concebida como um momento de luta de classe,
portanto, um momento da prática social. É verdade, em Marx, a teoria pedagógica
foi apenas esboçada e somente neste século é que os teóricos da educação
puderam mostrar as implicações pedagógicas do pensamento de Marx. O papel da
escola revolucionária, numa sociedade de classes, é acima de tudo a elaboração
das condições necessárias à hegemonia da classe trabalhadora.
2ª Parte – Posições
Referente
ao capítulo 2, Moacir Gadotti divide em 14 subtemas e faz levantamentos
consideráveis referente a temática do livro: “Educação e Compromisso” e crítica
o legado educacional herdado na educação brasileira na época da ditadura.
O
livro também é o produto da III Conferência Brasileira de Educação e faz
referência ao debate que está presente nas discussões sobre a educação
brasileira: A competência técnica e o compromisso político do educador.
Faz
também uma “convocação” aos educadores em ocupar posições na militância de
afirmação de que educar é comprometer-se.
O
autor expõe que reinventar a educação brasileira parece ser o grande desafio do
educador brasileiro hoje.
E
levantar hipóteses de se é possível aplicar o método Paulo Freire e informa que
a base da educação é o diálogo, pois é importante uma educação dialógica.
O diálogo de
que nos fala Paulo Freire não é o diálogo romântico entre oprimidos e
opressores, mas o diálogo entre os oprimidos para superarem sua condição de
oprimidos, que se dará pela organização, pela luta comum contra o opressor,
portanto, pelo conflito.
Em todo o livro o
autor faz uma crítica a crise da educação brasileira, legado de um tempo em que
a educação era ditada de cima para baixo e o discurso dos educadores não tinha
valor e acrescenta: “Os educadores foram reduzidos a meros executores de uma
política traçada em gabinetes. Suas “habitações” centram-se, até hoje, na
execução fiscalizada e controlada de programas e normas, sobre as quais não
lhes compete opinar.” (GADOTTI, p.61)
O autor discorre
sobre a importância e diferenças entre uma leitura critica de uma leitura
alienante.
E fala sobre a crise
na leitura: “Essa crise aparece também no momento (é preciso que se diga) em
que se luta pelo reconhecimento do valor do trabalho daqueles que ensinam a ler
e escrever, os alfabetizadores, os professores; no momento em que a profissão
foi aviltada devido às péssimas condições de trabalho e à baixa remuneração
salarial.” (GADOTTI, p. 92)
A leitura é alienante
quando essa apropriação é feita de maneira isolada, solitária, sem comunicação,
apenas para satisfazer o próprio consumo e é crítica quando conduz o leitor a
mudar a sua outra forma, sua postura diante do contexto.
3ª
Parte – Cartas
O
projeto pedagógico da PUCCAMP
Carta enviada à Professora Corinta Maria Grisólia
Geraldi, coordenadora da equipe de Apoio Pedagógico (EAP), com seguintes
perguntas como avançar e em que direção avançar. Foram observados também em algumas
universidades alguns pontos como a participação que definirá o caráter próprio
da universidade. Será preciso criar canais de participação, como o que foi
criado através das pesquisas, vivemos um momento histórico, no qual todos os
setores conscientizados já estão envolvidos particularmente no trabalho
eleitoral. A participação não é imposta, mas promovida por medidas concretas em
diversos níveis: Ao nível didático-pedagógico – Será necessário
instrumentalizar os docentes com metodologia que incentivem a participação e a
criação em termos gerais e em cada área em particular. Uma universidade nova
como desejamos construir, deverá ocupar-se principalmente com a questão da
qualidade, fazendo chegar aos alunos uma grande massa de informação. Ao nível
da estrutura de poder – Será preciso dinamizar a participação dos
representantes de classe, com certa delegação de poder. A responsabilidade do
projeto Pedagógico não pode ficar nas costas da Equipe de Apoio Pedagógico. Ao
nível do envolvimento com a comunidade – a participação não pode limitar-se ao
uso interno, mas será preciso rever o propósito de criar o serviço de extensão
Universitária. A UNICAMP, a nossa universidade poderá ter um papel social e
político importante na criação de uma alternativa política para Campinas. Ao nível
da pesquisa – Dá continuidade, mesmo sem recurso do governo, aos projetos de
pesquisa, ampliá-los, facilitar o aparecimento de novos projetos. Participação
não se reduz a medidas burocráticas. A participação exige uma política de
participação, uma filosofia da participação, um espírito de participação.
Carta
às alunas de relações sociais da escola do curso de pedagogia da PUC/SP.
Carta enviada às alunas do 8° período do curso de
pedagogia da PUC/SP, vocês já tiraram um tempo para compreender o que se passa
com vocês, com a própria educação? O professor precisa ser duramente
questionado, para ser educador é preciso muito mais do que dominar algumas
técnicas de motivação, alguns truques. É preciso ter uma alma e é preciso ser
dirigente. Nota-se como é difícil aceitar o conflito, como é difícil conviver
com a diferença, precisamos na vida praticar saber conviver com as diferenças e
saberes distinguem-las do antagonismo. Os alunos ficaram pensando, porque será
que o professor tem sempre dar a aula? Porque um dia os alunos não resolvem dar
a aula aos professores? Talvez o importante seja ficarmos atentos, prestar
atenção no que fazemos, interrogarmo-nos constantemente sobre o que fazemos
duvidar, duvidar profundamente, sistematicamente, sem medo, sem receio de
ofender.
Quem
tem medo da Pedagogia do conflito?
Há em todo o documento uma explicita intenção de
justificar teoricamente uma postura repressiva, em relação ao movimento de
conscientização e de organização dos educadores. O que é de se estranhar é que
a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul instaure hoje esses métodos
obscurantistas, em nome de uma propalada defesa do mundo livre. A pedagogia do conflito é um documento que
procura mostrá-la de forma intencionalmente distorcida. A pedagogia de conflito
não visa como afirma o Diretor Geral da Secretaria de educação, a “criar o
conflito” e “combater a pedagogia do consenso”. Os educadores brasileiros não
são inocentes úteis, como afirma o documento da SE. Ao contrário, sua
consciência social, sua responsabilidade política e sua competência técnica
avançam, na medida do avanço de suas próprias organizações. Para esse fim, mais
do que uma pedagogia do consenso, necessitamos, sim, de uma pedagogia da
divergência, do confronto de opiniões e de posturas. Os educadores não precisam
esconder o que pensam, cultivando o silêncio opressor. O educador precisa ser
sensível, atento e atencioso, “humilde”, como nos diz Paulo Freire.
4ª Parte – A questão da especialidade da
educação: algumas hipo-teses
A escola precisa deixar de ser o espaço onde se adquire
apenas conhecimentos técnicos, para se tornar um espaço de discussão dos
problemas sociais e políticos e de construção do pensamento e de ideologias.
É necessário que a educação assuma o seu caráter de
formadora do indivíduo deixando para trás o de mera transmissora de
conhecimentos prontos e acabados. A flexibilização da escola para que
executores e planejadores trabalhem juntos e desenvolvam uma nova visão de
ensino e aprendizagem, onde se enfatize, não só as questões técnicas, como as questões
políticas e sociais, percebendo os alunos como receptores e transmissores do conhecimento
e do saber é uma das missões da escola para reduzir o abandono escolar, de
forma que possibilite ao aluno encontrar na escola aquilo que ele busca na rua,
dando sentido a necessidade de frequentar o universo escolar.
O ambiente escolar precisa ter movimento, trabalhar o
todo, interagir com os acontecimentos intra e extraescolares.
A escola deve ser o produto da sociedade na qual está
inserida, refletindo os anseios desta sociedade, construindo, assim, uma
pedagogia que alcance as expectativas e objetivos desses indivíduos.
Quanto mais conhecimento a sociedade tiver, mais ela
poderá lutar em prol de melhorias para o seu povo.
Tanto professores quanto alunos são aprendizes e
educadores, cada um contribuem com o que possuem para o processo de aquisição e
desenvolvimento da aprendizagem.
A escola deve ser um lugar de transformação, onde
aprendemos a lutar pelos nossos direitos e a respeitar os nossos deveres e não
apenas o lugar onde adquirimos um saber pronto e engessado.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
GADOTTI, Moacir –
Educação e Compromisso, 1995, 5ª edição, Campinas, SP, Ed. Papirus.
Obrigado. Muito útil.
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